Rafael Dias
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Segundo Melo, além da precisão e rapidez, o novo método terá a vantagem de ser mais barato. Ele estima que o custo seja menor que R$ 1 por unidade. O objetivo do método é tornar o diagnóstico mais acessível. Atualmente, no Brasil, apenas cinco laboratórios públicos são credenciados pelo Ministério da Saúde para realizar os testes atuais: o Adolfo Lutz (São Paulo), Fiocruz (Rio de Janeiro), Evandro Chagas (Pará) e os laboratórios centrais (Lacens) do Paraná e do Rio Grande do Sul. Alguns poucos hospitais privados, como o Sírio-Libanês, em São Paulo, também fazem o exame sob o custo de R$ 100, aproximadamente.
Na nova técnica, a coleta é semelhante, mas difere na análise. Depois da secreção nasal ser recolhida pelo swab (espécie de cotonete usado em laboratório), o material é colocado sobre a lâmina de uma máquina. Nela, há uma substância de composto metálico com polímeros condutores (geralmente derivado de petróleo), que contém nanopartículas fluorescentes. Ao entrar em contato com o substrato, o RNA (ácido que transmite a carga genética do vírus) do AH1N1 reage, provocando brilho forte e intenso. Assim, confirma-se que o paciente realmente está com a doença.
Melo diz que o método é útil para o diagnóstico de qualquer doença viral ou bacteriana. Há três anos, o projeto já faz a detecção da dengue e do HPV, o papilomavirus humano e, só na semana passada, foi testada a aplicação para o AH1N1. Segundo o pesquisador da UFPE, deve ser iniciada esta semana uma segunda fase de testes em parceria com o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM)/Fiocruz com base em amostras recolhidas por pacientes internados no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), referência no tratamento da nova gripe em Pernambuco.
Precisão - Quando questionado sobre a eficácia do novo método, Melo disse que não vê razão para o método ser menos eficiente que o tradicional. No entanto, o Ministério da Saúde informou que os exames rápidos apresentam apenas 50% de precisão. Tanto o órgão nacional quanto a Secretaria Estadual de Saúde afirmaram desconhecer o novo método testado na UFPE. A assessoria de imprensa do MS disse ainda que, como a tecnologia não é conhecida, não há previsão de quando ela estará disponível na rede pública. "Só nós estamos propondo esse método no mundo. Com a dengue e o HPV, ele é 100% eficaz", garante Melo. Pernambuco tem 168 casos em investigação da nova gripe (41 a mais que sexta-feira passada), 45 confirmados e uma morte.
Saiba mais
Exame da UFPE
A coleta é feita com swab (cotonete) nasal, recolhendo a secreção do nariz
O material é colocado sobre uma lâmina com um substrato fluoerescente, que emite brilho quando reconhece o RNA do vírus
Dura cerca de 5 minutos e está em fase de testes
Exame convencional (PCR)
É feito com três swabs (cotonete) nas duas narinas e na mucosa bucal (orofaringe)
Consiste no cruzamento da sequência do RNA do vírus AH1N1 com o material genético do suposto infectado
O resultado sai entre 48 e 72 horas, mas, a depender da demanda, pode durar uma semana
Fonte: UFPE e Ministério da Saúde
Um novo método de diagnóstico desenvolvido por investigadores brasileiros da Universidade Federal de Pernambuco detecta o vírus da nova gripe (H1N1) no tempo máximo de cinco minutos e poderá ser utilizado em larga escala a baixo custo.
"É uma técnica usada para fazer diagnóstico totalmente diferente das técnicas usuais", disse à Lusa o físico Celso Pinto de Melo, que lidera a investigação em Pernambuco.
"Apesar de uma grande sofisticação, esse procedimento demora de três a cinco minutos. É um teste rápido e barato. É possível aplicá-lo e dar a resposta ao paciente se ele está ou não infectado, adiantou.
Ainda em fase de testes de laboratório, o cientista acredita que este método democratizaria o diagnóstico e causaria um "impacto muito grande".
Apenas quatro laboratórios estão autorizados no Brasil a fazer os testes de diagnóstico da H1N1: o Adolfo Lutz em São Paulo, a Fiocruz no Rio de Janeiro, o Evandro Chagas no Pará e os laboratórios centrais Lacens do Paraná e Rio Grande do Sul.No caso de pacientes do estado de Pernambuco, os exames são levados para o Pará e levam mais de dez dias para terem a confirmação do resultado.
"O tempo de dez dias é apenas útil para dados epidemiológicos. Não há muito a fazer: ou o paciente já foi medicado com tamiflu e melhorou ou evoluiu para óbito", argumentou.
Pinto de Melo explicou que a nova técnica consiste num trabalho com polímeros condutores com nanopartículas metálicas que apresentam intensa fluorescência.A investigação teve início há três anos e meio, quando a equipa de cientistas viu a possibilidade de usar este método para algum tipo de diagnóstico.
"Vimos que, graças à enorme luminescência de material, poderiam ser feitos testes com fragmentos com vírus ou bactérias em pequenas concentrações e desde há dois anos que estamos a trabalhar com o diagnóstico da dengue e o HPV (papiloma vírus humano). E os testes foram muito positivos", destacou.
O grau de fiabilidade para o diagnóstico do HPV aproxima-se dos 100 por cento e da dengue supera os 70 por cento.O teste consiste em recolher o material genético do paciente (secreção nasal ou sangue) e, numa lâmina, juntar a uma substância de composto metálico fluorescente. Para confirmar a doença, a lâmina fica a brilhar em contacto com o fragmento de RNA que transmite a carga genética do vírus.
"Se o paciente é suspeito de ter a doença, a lâmina fica brilhante e o teste é positivo", destacou, acrescentando: "Queremos fazer para o H1N1 o que já está a ser feito com a dengue e o HPV".
O laboratório da instituição já está em contacto com as autoridades públicas de Pernambuco para articular acções com vista a utilizar este método. Melo garantiu que é possível que, a partir da próxima semana, esta técnica já possa ser utilizada.
Mas, para ser implementado a nível nacional é necessário o cumprimento de uma série de exigências e protocolos de segurança do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Se os testes provarem fiabilidade, admitiu o investigador, o método será usado para uma larga gama de doenças como a leishmaniose e a hepatite. A possibilidade de salvar vidas também é maior, reconheceu.
Celso Pinto de Melo considerou viável implantar este sistema a nível nacional, até o final do ano, caso a Anvisa e o Ministério de Saúde manifestem interesse.
A grande vantagem seria a rapidez e a facilidade do diagnóstico que não ficaria restrito aos quatro laboratórios.
"Poderia ser feito em postos de saúde e hospitais com um preço de custo de dose a 75 centavos de real" (pouco mais de 28 cêntimos do euro), concluiu.
http://www.ionline.pt/conteudo/18939-gripe-a-brasil-desenvolve-teste-despiste-em-cinco-minutos
Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desenvolveram um teste rápido e barato para detectar o vírus da nova gripe. Agora, em apenas 5 minutos, vai ser possível identificar se a pessoa está com a doença. Um tempo que pode ser determinante para o tratamento do paciente, já que o procedimento tradicional levam em torno de 15 dias para apontar o resultado.
Além da velocidade, o teste tem um outro benefício. Cada exame deve custar R$ 0,75. Atualmente, os testes tradicionais para detectar a nova gripe só são feitos em quatro laboratórios do País: São Paulo, Belém, Paraná e Rio de Janeiro.
Os primeiros testes começaram há dois anos. Os pesquisadores do Departamento de Física da UFPE desenvolveram estas partículas fluorescentes para serem usadas nos diagnósticos de doenças provocadas tanto por bactérias quanto por vírus. Técnica que, agora, está sendo testada também para identificar o vírus da nova gripe, o H1N1.
Para fazer o procedimento que revela se o paciente está ou não infectado, os pesquisadores misturam, numa máquina, que é uma impressora de moléculas, o material genético coletado às partículas fluorescentes. O resultado do teste é rápido: fica pronto em cinco minutos.
Atualmente os exames realizados para detectar a presença do H1N1 em uma pessoa com sintomas da nova gripe levam, em média, 15 dias para serem concluídos. Mas, por enquanto, o novo método ainda não pode ser adotado nos hospitais do país.
"O nosso teste usa como vantagem a identificação do DNA. Então, ele pode ser usado para qualquer doença causada por um vírus ou por uma bactéria, por exemplo, para a qual nós saibamos qual é o segmento específico do DNA que caracteriza aquela doença", explica Celso Melo, coordenador da pesquisa.
O grau de fiabilidade para o diagnóstico do HPV aproxima-se dos 100 por cento e da dengue supera os 70 por cento.
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